Sabe quando olhares dizem tudo? Essa é a história de como vi isso num momento tão desafiador que todos nós passamos.
Durante os meses de pandemia e quarentena em São Paulo, entre 2020 e 2021, a Instituição Beneficente Israelita Ten Yad, onde atuei como Gerente de Comunicação e Marketing, distribuiu mais de 4 mil cestas básicas (e cobertores e sopas no inverno) à população carente do bairro do Bom Retiro e região central de São Paulo. Eu tive a chance de fotografar algumas dessas entregas.
Foi na primeira delas, porém, que um dos rabinos da ONG me atentou para o fato de como as pessoas – todas mascaradas – falavam muito mas só através de seus olhares. E foi isso que foquei a partir daí e em todas as distribuições: os olhos na dor, no medo, na alegria e na esperança, sentimentos tão dispares e ao mesmo tempo, tão simultâneos, estampados nos rostos de quem ganhava uma cesta e podia se despreocupar – momentaneamente – com aquisição de comida.
Nesses dias de tanta força humana, pude ver também que não havia mais classe social na fila (mesmo porque seus olhares não as entregam, não é?). Todo mundo estava no mesmo barco, de moradores de rua a habitantes de comunidades, de lojistas a seus funcionários. Faltava dinheiro, faltava trabalho, faltava comida.
Só não faltou cidadãos de verdade que ofereceram (e muito) suas riquezas para ajudar o próximo. Sem contar aqueles que se arriscaram para se voluntariar e trabalhar em prol dos outros.
O jornalista Elio Gaspari fez um texto na época onde clamava que, depois de alguns anos, quando tudo passasse, a pergunta que seria feita era “o que foi que você fez durante a pandemia?“. Deu para a gente fazer bastante. E ainda dá!
E aqui ficam alguns dos meus registros desses dias de esperança:








