O dia em que borrei as minhas fotos

Borrão.

No dicionário se fala que é uma mancha, uma “nódoa de tinta”. Na pintura existe uma corrente artística chamada expressionismo abstrato que trabalha com os borrões, à qual se destaca Franz Kline. E na fotografia? Aaaaah, na fotografia, você consegue contar uma história com borrões. Uma foto borrada é capaz de evocar emoções, narrar de maneira única e criar uma conexão mais profunda com o espectador. O desfoque não é apenas uma técnica fotográfica, mas uma linguagem visual que permite ao fotógrafo uma representação de realidade que vai além da nitidez e convida o espectador a explorar o mundo da imaginação e das sensações.

Através de um desfoque calculado e seletivo, você pode, por exemplo, jogar toda a atenção no que está focado, no essencial. Ao eliminar distrações do plano de fundo, a foto transmite de forma muito mais clara a mensagem por trás do objeto principal. Você também pode usar os borrões para criar mistério, fantasia e abstrações.

Fotos borradas muitas vezes têm uma sensação de suavidade e calma, criando uma atmosfera de serenidade e paz, convidando o espectador a relaxar e contemplar a imagem. Ou o borrão pode criar uma sensação de intimidade, como se o espectador estivesse testemunhando um momento íntimo e pessoal (o polêmico fotógrafo inglês David Hamilton era especialista nisso em sua obra nos anos 80).

Mas o uso mais legal de todos (na minha opinião) é dar a sensação de velocidade e movimento. A foto fica dinâmica e o espectador sente a energia do momento.

Eu, particularmente, adoro brincar com essas técnicas de desfoque. Seja ela o bokeh, que foca na frente e desfoca o fundo, o panning (quando você acompanha o movimento do objeto e desfigura o cenário – e é difícil pacas), o zooming (que durante a exposição, você ajuste o zoom da lente para criar um efeito de zoom e borrão no fundo – ja mostrei minhas experiências com isso no meu Instagram. Já me curtiu lá?) e a longa exposição. No blog da Deposit Photos tem um artigo bem legal sobre essas técnicas, e você vê aqui.

Eu, particularmente, adoro brincar com isso e quando fiz o curso no IIF, tivemos aulas específicas sobre dar esse movimento nos cliques em dois lugares bem emblemáticos para isso, o Ibirapuera e a Av. Paulista.

E na galeria abaixo, mostro algumas dessas técnicas que fiz na minha vida de “eternizador oficial de momentos mágicos”.

No panning a gente acompanha o movimento do bijeto para mante-lo focado...
... e aí o fundo é que dá a sensação de movimento...
criando composições lindas...
... mostrando esforço e velocidade...
... e conta uma história de alegrias...
... ou cenas até surreais.
Já na longa exposição invertemos a brincadeira...
.... o objeto passa a ser veloz....
.... fica muito borrado....
...e causa uma ideia de pressa.
Mas dá para se fazer cenas bem legais com isso...
... e até transformar um carrossel numa Ferrari.
Usar a longa exposição numa apresentação de dança do ventre...
... combina demais com o estilos dos movimentos...
... e com os giros da dança.
Essa é uma das primeiras tentativas de borrão que fiz na vida, há uns 23 anos.
Já essa, as manchas das pombas voando deram lirismo ao retrato do menino.
O Bokeh desfoca o fundo e cria foco no objeto mais essencial da foto...
... ou mostra o contrate entre vida selvagem e cidade.
E, por fim, um panning num teste que fiz recentemente.

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