O dia em que cliquei o centro de SP em meio à pandemia

Existia uma antiga tradição na cultura norte-americana onde as pessoas se perguntavam “onde você estava quando Kennedy foi morto?”. Muitos anos depois, a coisa evoluiu para “onde você estava quando as Torres Gêmeas caíram”?

Mas se tem uma coisa que a gente ainda vai se perguntar daqui há um tempo é “o que você fez durante a pandemia?”. Nesse período tão surpreendentemente caótico, cada um tem sua história, seus dramas, sua reação e seu aftermath.

Para mim, ela começou em abril de 2020, quando minha esposa foi internada com pneumonia e passou 17 dias no Hospital São Camilo.  

Em julho, tanto eu, como ela (como muita gente por aí), fomos obrigados a voltar a trabalhar presencialmente e o medo que estávamos de sair de casa era enorme. Ela trabalhava no hospital S. Camilo e eu numa ONG no Bom Retiro, que atendia idosos judeus, mas também distribuía cestas básicas e sopa a pessoas em vulnerabilidade no bairro. Ou seja, dois lugares potencialmente infecciosos e ainda não tínhamos a vacina em vista.

Chega agosto e para eu tentar quebrar minha intensa paúra de vez e começar a viver de novo, resolvi pegar um Uber e me aventurar no centrão de São Paulo num sábado à tarde para fotogafar. Para quem conhece a região em condições normais de pressão e temperatura, a coisa fervilha de gente e a segurança não é das melhores. Mas naquele momento, as coisas estavam mais vazias, mais recatadas, mais tristes até. Muita coisa fechada, muito morador de rua vagando perdido e uma atmosfera de “pós-guerra”.

Por cerca de duas horas, fui caminhando e registrando pessoas e prédios (adoro a arquitetura de lá), aproveitando o lindo céu azul e me perguntando se um dia voltaríamos ao normal.

Até que voltamos, embora eu não saiba mais o que é o “normal”. Olho o que registrei hoje com carinho, mas tenho que confessar que nunca mais tive coragem de ir ao centro com a máquina.

O resultado da aventura, você vê abaixo.

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